sábado, janeiro 22

LEC final

Tabalho de avaliação sumativa

Redija um texto de não mais do que 2000 caracteres, de acordo com as seguintes indicações:
a) Tema/Tópico: P. chega a uma nova cidade.
b) Descrição: inserção de uma dimensão expressionista no início do texto.
c) Narração: Aplicação da lógica ‘media res’ no final do texto.
d) Poética: Criação de ritmo, de acordo com os pressupostos estudados no Bloco 10, nos parágrafos intermédios do texto.
e) Redija o seu texto de modo depurado, evitando o uso excessivo de afectação adjectivada, de substantivação abstracta e de registos explicitamente coloquiais.

Trabalho


A cidade amanhecia quando Pedro se apeou do táxi. Era a sua primeira vez e ficou desde logo preso à luz especial que banhava as ruas e praças, de casas baixas e brancas, com telhados cor de ardósia. 
Dirigiu-se ao meio da praça, de onde, junto ao chafariz, podia avistar as várias ruas que nela confluíam. Acima do telhado da igreja dos Jesuítas avistou o casario que trepava até às montanhas, pontilhando o verde da vegetação. Agradava-lhe a calma das ruas apesar do incessante corrupio de transeuntes e dos carros apressados. No café fronteiro algumas pessoas aproveitavam o sol matinal enquanto tomavam o pequeno-almoço, alguns taxistas, encostados à parede de cantaria da escada que dava acesso à igreja discutiam as incidências do jogo de futebol do dia anterior.  Um grupo de meninos do jardim-escola passava, em fila Indiana, dois a dois, com os bibes aos quadrados e os chapelinhos azuis, serpenteando pelo passeio.
As crianças recordaram-lhe a razão para ali estar, viera dar aulas numa escola primária e, de certo modo, fugir de uma vida agitada numa cidade grande e conhecer gente nova, ainda mais aquela gente que diziam ser tão acolhedora.
Pensou no percurso que fazia diariamente de casa até à escola, a caminhada apressada até à estação de metro, sempre apinhada, a diversidade de pessoas que consigo viajavam, a própria viagem, umas vezes apertado entre uma senhora anafada e um homem barbudo, outras entre grupos de estudantes e de empregados de escritório, as faces quase sempre resignadas, pensativas, tristonhas, o cheiro a transpiração, as paragens até chegar à estação de saída, o mergulho no movimento constante de peões apressados e bruscos, a quase corrida até à paragem de autocarros, mais uma viagem, muitas vezes de pé, até à paragem mais perto da escola e ainda assim a 15 minutos de caminho. E o mesmo na volta, ao fim do dia, com o cansaço acumulado do dia de aulas difícil e exigente.
- Mas porque vais para tão longe?
A pergunta da mãe ainda ressoava nos seus ouvidos, respondera que queria uma vida mais calma, numa cidade mais pequena e tranquila, mas não era só isso, era também a fuga à saudade, à dor, à tristeza. Era a recordação daquele passado, as palavras que não pronunciara, que não pronunciaria, o medo de ser mal interpretado, o terror da rejeição.

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