tag:blogger.com,1999:blog-166495092024-03-13T08:04:24.973+00:00Luacintilante's blogAna Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.comBlogger229125tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-14012767903480700122011-05-09T13:04:00.002+01:002011-05-09T13:04:54.287+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 10<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">O bairro da periferia contrariava as estatísticas que proclamavam a descida abrupta da taxa de natalidade. O grupo de meninos tinha andado a namorar durante dias o alto muro que ficava no fundo do bairro, não sabiam o que estava do outro lado, só o imaginavam pelo estonteante aroma a maçã que se evolava no ar. </div><div style="text-align: justify;">Reuniram-se para combinar uma estratégia e decidiram unanimemente fazer o que todos os meninos em todas as partes do mundo fazem, desde tempo imemoriais, saltar o muro para roubar maçãs.</div><div style="text-align: justify;">Quando desceram, do outro lado do muro, encontraram um mundo totalmente diferente, um jardim encantado, com muitas árvores de fruto, na sua grande maioria macieiras plantadas por entre flores silvestres.</div><div style="text-align: justify;">Até onde a vista alcançava viam-se anjos e arcanjos, louros e rosados,com asas douradas brilhantes esvoaçando entre as árvores e as flores, competindo com os pássaros e as borboletas. Alguns, em grupo, conversavam e riam dos seus chistes, enquanto comiam bolos coloridos que apanhavam de algumas árvores.</div><div style="text-align: justify;">Os meninos ficaram estáticos perante aquele cenário, sem saberem bem que atitude tomar, se roubavam as maçãs e fugiam ou flanavam por ali explorando o paraíso.</div><div style="text-align: justify;">Se ao menos tivéssemos alguém que nos guiasse! - disse um deles.</div><div style="text-align: justify;">Querem que vos sirva de guia e mostre as atracções?</div><div style="text-align: justify;">As crianças olharam para todos os lados, sem entenderem quem se lhes tinha dirigido.</div><div style="text-align: justify;">Aqui em cima, estou aqui. - disse a mesma voz.</div><div style="text-align: justify;">Seguindo a indicação da voz depararam-se com uma serpente que lhes acenava com a cabeça. Assentiram e lá foram eles.</div><div style="text-align: justify;">- Vamos aqui pelo centro, como já perceberam há por cá muitas macieiras, podem comer maçãs de todas, excepto desta maior, dá umas maçãs muito apetitosas mas não vos aconselho. Da última vez que alguém as comeu foi um sarilho descomunal, eu bem avisei mas o Adão e a Eva não me deram ouvidos, foram expulsos daqui depois de uma repreensão divina que durou dias.</div><div style="text-align: justify;">Continuaram o passeio, observando tudo com curiosidade enquanto a serpente descrevia as várias hierarquias de criaturas celestes que povoavam o local: </div><div style="text-align: justify;">- Ali os s serafins, os querubins, os tronos, que mantêm íntimo contacto com o Criador. Acolá os domínios, as virtudes e as potências, são os encarregados dos acontecimentos no Universo. Além os que executam as ordens de Deus, os principados, arcanjos e anjos. </div><div style="text-align: justify;">Chegados junto a Deus, barbas brancas de neve encimadas por uma cabeça coroada de caracóis brancos, uma das crianças perguntou:</div><div style="text-align: justify;">Para que serve isto?</div><div style="text-align: justify;">A serpente pareceu atrapalhada, pigarreou e por fim disse:</div><div style="text-align: justify;">- Bem... Não se sabe... Já ninguém aqui se lembra... Já perguntei a todos, desde o serafim mais novo ao anjo mais velho e ninguém me soube responder.</div><div style="text-align: justify;">As crianças fitaram, cheias de curiosidade, a mole imensa que resfolegava e ressonava. Deus dormia numa mansa placidez, ignorando que era totalmente obscuro, que já todos o tinham apagado da memória eterna.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-52843084857776102722011-05-07T14:21:00.000+01:002011-05-07T14:21:08.960+01:00Festa da Flor 2011Funchal -Madeira, eis as <a href="http://gallery.me.com/luacintilante#101133">fotos</a> do #madphotowalk de hoje. Deixo aqui um cheirinho :)<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwX5nmKvKM8dNJ6uNaoKQCB38MfOz1tdJpZe8yxmrIFNjPNSkkQKL3za-EQnaPQwIcI0zRIQn-hE6OLj4vOabF3uWPzSniXzIhUQLWwHO_89U782erhNNNV44hPi_adHYgduxU/s1600/IMG_0109.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwX5nmKvKM8dNJ6uNaoKQCB38MfOz1tdJpZe8yxmrIFNjPNSkkQKL3za-EQnaPQwIcI0zRIQn-hE6OLj4vOabF3uWPzSniXzIhUQLWwHO_89U782erhNNNV44hPi_adHYgduxU/s320/IMG_0109.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFQOVy-m8GRqsS1VTOOrwxxOxwX530FjaXKs5PKDSKIbAwY6n0HiRMfrbhPa2AH16mggFEBnIhQ6JRuxvuODjHvp-xCYmfpr8hd2scY4rhvMMgiZ1FVKOZ_66M-iY80rDLRrTl/s1600/IMG_0145.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFQOVy-m8GRqsS1VTOOrwxxOxwX530FjaXKs5PKDSKIbAwY6n0HiRMfrbhPa2AH16mggFEBnIhQ6JRuxvuODjHvp-xCYmfpr8hd2scY4rhvMMgiZ1FVKOZ_66M-iY80rDLRrTl/s320/IMG_0145.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9jgiufm-LfhGNPIUaRjlb6l7W-0xrP0h5d0j1kvGHavgccJ9UsxK0gvPkF95SuNIXxSmbhhscFsyFO0EVjip8EkJuSJvwIiJbtEUYpwEBETledN6l_MHw38XLjFWf5xDFG9Se/s1600/IMG_0179.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9jgiufm-LfhGNPIUaRjlb6l7W-0xrP0h5d0j1kvGHavgccJ9UsxK0gvPkF95SuNIXxSmbhhscFsyFO0EVjip8EkJuSJvwIiJbtEUYpwEBETledN6l_MHw38XLjFWf5xDFG9Se/s320/IMG_0179.JPG" width="320" /></a></div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-15778455238311396422011-05-03T12:26:00.000+01:002011-05-03T12:26:04.953+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 9<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">A lembrança de Pedro Quevedo continuava a martelar-lhe na memória. Sentia-se oprimido como se uma mão gigantesca lhe apertasse a alma. A atmosfera ao seu redor contribuía para essa opressão com o seu silencioso calor húmido. De pé, encostado a uma árvore, sabendo que aquele era o seu derradeiro momento de vida, as imagens passam ininterruptamente pelas suas pálpebras cerradas, a chegada de Pedro Quevedo ao aquartelamento, as longas conversas durante as partidas de xadrez intermináveis, a bonomia, o humor corrosivo, a placidez, a forma de estudar as jogadas, a concentração, “Porquê?”. O silêncio opressor do mato parecia tornar-se ainda maior se tal era possível “Porque o matei eu se era seu amigo?”.</div><div style="text-align: justify;">A face do jovem major permanece inexpressiva apesar dos pensamentos perturbados que lhe cruzam a mente. Subitamente toda a natureza à sua volta se transformou num turbilhão de sons e movimento, as folhas agitadas por um vento frio, as aves enlouquecidas que começavam a cantar freniticamente, numa aflição, as perdizes que pipiavam assustadas.</div><div style="text-align: justify;">Mergulhado nos seus pensamentos atormentados o jovem major não se dá conta da agitação da natureza, a sua tormenta interior abafa completamente a tormenta da natureza, o lago cujas águas se crispam como se fervessem, as folhas que parecem lutar umas com as outras, o esvoaçar alucinado de mil asas. O silêncio impõe-se novamente no memento em que ele abre os olhos e vê a morte.</div><div style="text-align: justify;">Andulo ficaria para sempre ligado ao ex-comando Armindo Panguila Pombeiro, fora lá, naquele lugarejo perdido na mata que fizera o seu primeiro morto, recorda-o encostado à árvore, os olhos cerrados, a expressão aparentemente serena, não sentira sequer a sua aproximação, só abrira os olhos um décimo de segundo antes da faca penetrar o seu corpo tenso, fora um olhar atormentado que o fitara, o seu primeiro e único morto, que expirara junto ao seu coração, quando o seu corpo se inclinara em câmara lenta para a frente, pesando-lhe nos braços.</div><div style="text-align: justify;">Armindo começou a morrer no dia em que, caminhando descuidado pelo mato, absorto na lembrança da morte do major, pisou uma mina. </div><div style="text-align: justify;">Agora, ali, no branco frio do hospital, dias depois de verificar que já não era um homem completo, pois tinha perdido alguns dedos da mão direita e via a sua mão enfaixada através da névoa que cobria o seu olho esquerdo, o direito tinha desaparecido, sentindo dores na perna direita, que deviam ser psicológicas porque também ela tinha sido amputada. Um resto de homem, dissera-lhe a mulher, não pretendo passar o resto da minha vida com um resto de homem, tratando de um aleijado sem préstimo.</div><div style="text-align: justify;">Pensa ainda no major, tem pena de não o ter conhecido melhor, das contingências da vida os terem colocado em campos opostos, da lei da sobrevivência o ter transformado em algoz. Podiam ter sido amigos, se se tivessem conhecido melhor, se estivessem do mesmo lado da barricada, provavelmente ter trocado cigarros, confidências. Enquanto aproxima o cano da pistola da boca pensa que ainda poderá encontrar o major no purgatório dos assassinos, dos guerrelheiros, pedir-lhe desculpa por aquela morte tão abrupta. Aperta o gatilho, o ruído seco da pisitola ecoa no quarto vazio e assusta os pássaros que cantavam na árvore em frente.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-29229172030823161012011-04-18T19:17:00.003+01:002011-04-18T20:04:22.067+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 8<div style="text-align: justify;">Publico só o exercício que criei, baseada num guião dado pelo Professor:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">A Torre já tinha sido movida, ele não podia ter feito roque, não podia efectuar aquele lance, pensava de si para si Pedro Quevedo, enquanto os soldados lhe amarravam as mãos atrás das costas, junto ao muro branco carcomido por buracos de balas. Enquanto olhava para o muro continuava a pensar na jogada de xadrez do dia anterior, fez uma analogia entre aqueles buracos e a estratégia furada do major, aquela jogada não era permitida. Sempre fora correcto ao jogo como à vida, não podia deixar que alguém lhe ganhasse ao xadrez com base numa jogada proibida. Os soldados encostaram-no ao muro e, de frente para o pelotão de fuzilamento, encarou o major, ainda imberbe, que o comandava e atirou-lhe:</div><div style="text-align: justify;">Não podia ter feito roque, a torre tinha sido movida.</div><div style="text-align: justify;">Mirando as armas do pelotão apontadas a si, todo o caminho percorrido até chegar ali, àquele momento, passaram diante dos seus olhos como um filme super 8 a preto e branco. A batalha de Mavinga, tropas a correr de um lado para outro, confusão, barulho de disparos, a invasão do inimigo, os estampidos a troarem muito perto e a dor lancinante no ombro e na perna, o sangue, tentou rastejar mas não conseguiu, foi capturado. Passou vários meses num hospital de campanha, num tempo lento. </div><div style="text-align: justify;">Quando recuperou completamente foi levado num carro fechado numa viagem que durou várias horas. A viagem terminou no meio do mato, numa fortaleza com algumas edificações de madeira rodadas por uma paliçada alta. </div><div style="text-align: justify;">O xadrez servia para se distrair, iludir o passar do tempo, jogava com o jovem major, que talvez devido á sua juventude, para se impor como carcereiro, fazia os possíveis por vencer, nunca o conseguindo, recorrendo até, por vezes, a jogadas ilícitas.</div><div style="text-align: justify;">Naquela tarde que sucedeu a uma dessas tentativas do major, ao fazer um roque quando a Torre já tinha sido movida, ele surgiu com um ar estranho, um olhar fugidio, como que envergonhado, evitando encarar Pedro Quevedo. Com ele vinham três homens que Pedro nunca vira, grandes e fortes. Dirigiram-se a ele e sem uma palavra içaram-no da cadeira e encaminharam-no com autoridade para um jipe.</div><div style="text-align: justify;">Sentia-se perdido sem entender aquela mudança de actuação, sem possibilidades de intervir no seu destino, um sentimento de angústia, de perda, de fim irremediável e inevitável.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-51305154160569802032011-04-16T15:26:00.000+01:002011-04-16T15:26:07.763+01:00Lã ao sol para encher a almofada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA7L1a9qpKUMPu6sgbVVxpEm53T3LwHh_Vw1AAoRMs0-4mPe7GQYG4_UpbLI42x9Pt2iZc2IMWZ4H6vqwJGRatTFBE2xA1fURVSOCepx2ptcQ4FvPLzWYTVtmjjhdzL-yiebP0/s1600/IMG_0750.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA7L1a9qpKUMPu6sgbVVxpEm53T3LwHh_Vw1AAoRMs0-4mPe7GQYG4_UpbLI42x9Pt2iZc2IMWZ4H6vqwJGRatTFBE2xA1fURVSOCepx2ptcQ4FvPLzWYTVtmjjhdzL-yiebP0/s400/IMG_0750.JPG" width="400" /></a></div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-79234033758362309972011-04-16T15:25:00.000+01:002011-04-16T15:25:33.851+01:00Inhame<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnrrEVQ6vydCAlfQsUHlT3JK9lTYmIpV1S3mPZJS5KaSo9ajJkvRo_IY8nef947YBo-bvTtQ2iI6WumU3ZAD6DDMavDEiyI6JTo7-hC9NG1LE53YRarS6ndvYopH2vlPGTeTGx/s1600/IMG_0850.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnrrEVQ6vydCAlfQsUHlT3JK9lTYmIpV1S3mPZJS5KaSo9ajJkvRo_IY8nef947YBo-bvTtQ2iI6WumU3ZAD6DDMavDEiyI6JTo7-hC9NG1LE53YRarS6ndvYopH2vlPGTeTGx/s400/IMG_0850.JPG" width="400" /></a></div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-32357623269637183572011-04-16T15:23:00.002+01:002011-04-16T15:35:20.495+01:00#madphotowalk - Câmara de Lobos - O Homem e o Mar 2011-04-16Sugerido pela <a href="http://lindamachadotweets.wordpress.com/">Linda Machado</a>, fomos 13, aqui estão as minhas fotos:<br />
<a href="http://gallery.me.com/luacintilante#101091">Álbum 1</a><br />
<a href="http://gallery.me.com/luacintilante#101107">Álbum 2</a><br />
<a href="http://gallery.me.com/luacintilante#101110">Álbum 3</a><br />
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<div style="text-align: justify;">Participantes: @andre_f_mendes @DecioGaspar @MiguelJardim @LindaMachado @leniajof @anajsbarbosa @ana_p_mendes @antjoset @porfaria @ValterGouveia @jorgemabreu @patxocas @luacintilante</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-51485392098423300782011-04-11T18:10:00.000+01:002011-04-18T20:55:14.483+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 7<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">“Flagstaff, Arizona. Um dia de arrasar. O resto do deserto. Monument Valley, como se tivesse sido criado apenas para o John Ford ali situar os seus westerns. Arranha-céus de rocha recortados no horizonte. O Grand Canyon, paisagem lunar sulcada por uma serpente sinuosa com a forma de rio. Dead Horse Point. Ponto onde os mustangs eram encurralados. Quando finalmente arranjámos hotel, era já demasiado tarde para outra coisa que não fosse comer hamburgers na cafeteria. Derreados de cansaço e pó, gastámos a noite a beber cervejas na varanda. Uma rotina a instalar-se nos nossos exercícios nocturnos. O Rogério e a Lena repetindo escaramuças sem fim. Uma espécie de ruído de fundo a que se não presta atenção. A Maria José trocando comigo palavras sobre o nosso dia. Lançando os planos também para o dia seguinte. Activa apenas a Clara, num frenesim de desenhos, notas visuais fazendo as vezes de uma máquina fotográfica. E recolhemos cedo. Desta vez, foi a Maria José que me desafiou a ir até ao quarto dela: for same serious drinking. O que fizemos até cerca da uma. Eu a falar, ao de leve, de Portugal, do meu trabalho, de pequenas coisas quotidianas. A Maria José a falar, ao de leve também, do que tinha sido a sua vida na América. Nenhum de nós disposto a abrir ao outro muito mais do que a sua face mundana.”</div><div style="text-align: justify;">(Paulo Castilho, Fora de horas, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1989, p.117)</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;">Exercício - Bloco 7</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Rescrever o texto de Paulo Castilho (ver “5 – Sublinhar a temporalidade das grandes viragens (os turns)”), mas alterando o espaço ambiente norte-americano para um outro espaço ambiente à sua escolha.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Exercício:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Madeira. Um dia de Verão. Penetramos, através de caminhos tortuosos, na floresta laurissilva. Descemos ao Ribeiro Frio ainda o sol está a pique no céu. Debaixo do arvoredo frondoso está fresco, há um jogo de luz e sombra que fascina. As várias tonalidades de verde recortam-se no céu azul. O grupo discute o que fazer, uns querem ir aos Balcões, outros preferem ficar por ali a ver as trutas. A Marta, a Luísa e o Gustavo decidem ficar a observar as azáleas carregadas de flores numa miríade de cores e as trutas saltando nos tanques, junto do ribeiro cantante. Caminhamos debaixo de uma abóbada de folhagem num caminho de terra batida. O silêncio reina, só quebrado pela água sussurrante da levada, pelo som dos nossos passos e pelo estalar de algumas folhas. Caminho junto do Antero e da Mariana, a Joana vem atrás com os outros, afasta-se de mim, uma metáfora do nosso casamento, que está por um fio. Passamos um túnel cavado na rocha e chegamos ao miradouro que se debruça sobre a paisagem ímpar. O céu sulcado por nuvens brancas volumosas, o verde a dominar com as casinhas espreitando.À direita a mole da Penha d’ Águia, ao fundo o mar incendiado pelo pôr-do-sol. Procuro a Joana com os olhos, vejo-a no varandim olhando embevecida a paisagem, pergunto-lhe se ainda há alguma possibilidade para nós, só recebo como resposta um olhar de repreensão, como se cometesse uma heresia por falar em frente àquela paisagem. Ficamos lado a lada, cada um indisponível para abdicar da sua posição. </div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-63662870682211844112011-04-04T20:07:00.002+01:002011-04-18T20:55:14.485+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 6<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício - Bloco 6</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Redija os dois clímax, intervalados pela cena de pacificação doméstica, correspondentes à segunda história encomendada pela Metropolitan a Patricia Highsmith (ver na matéria deste Bloco 8).</div><div style="text-align: justify;">(não ultrapasse um máximo de trinta linhas e sinalize as três diferentes partes da narrativa em causa)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Exercício:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Chegaram de madrugada à casa de campo isolada. A lua de mel prolongar-se-ia por duas semanas, ela estava feliz, leve, apesar de cansada, ele aparentava contentamento. Enquanto Gustavo tirava as malas do carro ela foi até à cozinha fazer um chá, estava cheia de sede, não estava habituada a beber tanto champanhe. O ruído vindo da cave passou despercebido enquanto abria os armários e contabilizava mentalmente a comida armazenada.</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>No dia seguinte acordaram juntos e enquanto Gustavo foi à vila comprar pão fresco, Helena ficou a fazer o café e a abrir a casa para deixar o sol entrar. Desta vez ficou surpreendida e preocupada com um ruído de passos, pelo menos assim parecia, na cave, mas a chegada do marido distraiu-a. À hora de almoço, notou que lhe faltava um pacote de bolachas no armário e riu de Gustavo e da sua fome nocturna e quando ele negou não acreditou. Quando deu por falta de um frasco de compota que o marido comprara de manhã, associou-a aos ruídos da cave e, nervosa e aflita, pediu a Gustavo que fosse investigar. </div><div style="text-align: justify;">Este desceu à cave e fitou, espantado, o homem que o olhava com ar assustado.</div><div style="text-align: justify;">- Quem é você e o que faz aqui? - perguntou empunhando o taco de basebol com que se munira.</div><div style="text-align: justify;">- Não me faça mal, não tenho para onde ir, vivia na rua e entrei aqui para me recolher, como vi que a casa não estava ocupada fui-me deixando ficar, mas não roubei nada, só comida.</div><div style="text-align: justify;">Mas você não pode continuar aqui, a minha mulher é que ouviu ruídos e vim investigar,ela não vai consentir que continue aqui.</div><div style="text-align: justify;">Faço qualquer coisa, mas deixe-me ficar aqui mais uns tempos, preciso de reunir forças para me reerguer e sair do buraco em que se transformou a minha vida.</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Gustavo pensou que aquele homem lhe podia ser muito útil, podia convencê-lo a simular uma agressão contra si e a fugir com o seu carro. Ele mataria Helena e depois armar-se-ia em vítima e correria para a vila culpando o desconhecido pela agressão de que fora vítima e pela morte de sua mulher. Ficaria livre e rico e casaria com Madalena, o seu amor de sempre.</div><div style="text-align: justify;">Subiu da cave com toda a tranquilidade e disse a Helena:</div><div style="text-align: justify;">- Não há nada na cave, minha querida, isso é tudo fruto da tua imaginação.</div><div style="text-align: justify;">- Mas eu ouço barulhos e desapareceu comida da cozinha.</div><div style="text-align: justify;">- Não pode ser, só cá estamos nós, com certeza só havia aqueles pacotes de bolachas no armário. Era talvez algum animal que já fugiu. Vamos dar uma volta, um passeio a pé pela região, vais ver que te faz bem.</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Passaram o serão a ver televisão e ela esqueceu os ruídos da cave, até porque, por mais que apurasse o ouvido, nada se ouvia.</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>No dia seguinte estavam os dois na sala quando um homem, munido de um pedaço de madeira entrou subitamente. Helena gritou e correu para a cozinha enquanto Gustavo simulou atacar o homem que lhe respondeu com uma pancada na cabeça, deixando-o desmaiado. Quando voltou a si Gustavo viu, com horror, o homem estatelado no chão com um lenho aberto na cabeça, a sangrar e Helena a chorar, encostada na porta da cozinha com o moinho antigo de pedra na mão.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-58395794493149037772011-04-04T02:08:00.003+01:002011-04-04T02:09:54.887+01:00FCPorto campeão 2010-2011<center><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/bCNsj172zCQ" title="YouTube video player" width="640"></iframe></center><center><iframe frameborder="0" height="390" width="640"></iframe></center>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-78341825199972485502011-03-28T19:14:00.000+01:002011-04-18T20:55:14.486+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 5<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício - Bloco 5</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Escreva um texto de cerca de vinte linhas que corporize o esquema ficcional sintetizado por Jorge de Sena na Adenda temática A (e que diz respeito ao romance Oriente-Expresso de Graham Greene). Pode, no entanto, substituir o ambiente exterior ao comboio – que prefigura a iminência da Segunda Grande Guerra Mundial – por um outro igualmente revelador de uma imensa e densa clivagem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Exercício:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O comboio entrou lentamente na estação caótica. Pessoas acotovelavam-se correndo de um lado para o outro, crianças choravam, o homem do realejo tocava, um cego pedia esmola, gritando, encostado à porta aberta. Todos temiam a onda que se aproximava e que iria destruir tudo à sua passagem, não deixando uma folha verde sobre a terra. Todos esperavam o comboio que os levaria para longe da destruição, a procurar noutro lado uma outra forma para recomeçarem a vida, o primeiro dia do resto das suas vidas.</div><div style="text-align: justify;">Das janelas da primeira carruagem o grupo olhava, imóvel, a enorme confusão do exterior. O ruído chegava abafado pelos vidros duplos, a própria visão era desfocada pela névoa que envolvia a estação, como um véu. Cada um deles transportava o seu próprio inferno pessoal, o seu caos interior, que o do exterior parecia apaziguar. </div><div style="text-align: justify;">Viajava naquela carruagem, um grupo heterogéneo, o casal que já se amara e agora se odiava, a mãe dela, senhora idosa desesperada com a passagem do tempo, inundada pela angústia de tudo o que podia ter sido e não fora, o pai dele, atormentado pelas visões da sua passagem pela guerra, dos homens que vira agonizar à sua frente, sem nada poder fazer. No banco da frente recostava-se, ensimesmada, a adolescente mergulhada nas hesitações da idade, nos dramas do crescimento. </div><div style="text-align: justify;">A mole humana do exterior aproximou-se imediatamente do comboio assim que ele estacou. Todos queriam entrar, fugir, escapar o mais depressa possível à nuvem de gafanhotos que, qual praga do Egipto, se aproximava para destruir tudo, todas as colheitas, todo o trabalho de vidas.</div><div><br />
</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-24181784102935929732011-03-21T18:13:00.000+00:002011-03-21T18:13:08.805+00:00Dia mundial da PoesiaBebido o luar, ébrios de horizontes,<br />
Julgamos que viver era abraçar<br />
O rumor dos pinhais, o azul dos montes<br />
E todos os jardins verdes do mar.<br />
<br />
Mas solitários somos e passamos,<br />
Não são nossos os frutos nem as flores,<br />
O céu e o mar apagam-se exteriores<br />
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.<br />
<br />
Por que jardins que nós não colheremos,<br />
Límpidos nas auroras a nascer,<br />
Por que o céu e o mar se não seremos<br />
Nunca os deuses capazes de os viver.<br />
<br />
Sophia de Mello Breyner e AndresenAna Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-10907686916460903982011-03-20T19:15:00.000+00:002011-04-18T20:55:14.487+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 4<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício - Bloco 4</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Crie três a cinco imagens que utilizará num texto ficcional ainda por escrever. A fábula pressupõe o encontro fugaz de um homem e de uma mulher numa área de serviço. Durante quatro anos, sem saberem nada um do outro, encontram-se no motel dessa área de serviço no dia 16 de cada mês impar. O esquema falha apenas cinco vezes, durante esse longo período. No final, quando a mulher do protagonista descobre que tem uma irmã (apenas do lado do pai), os amantes vêem-se subitamente numa festa familiar. A aventura parece acabar de repente, mas, um dia, a casa do casal mais feliz de Alcochete aparece desfeita em chamas (cada imagem deverá ser sucintamente descrita em não mais do que cinco a seis linhas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Exercício:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Imagem 1</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Segundos, minutos, horas, dias, meses, quatro anos passaram e eles encontravam-se naquele motel frio e impessoal daquela área de serviço, mal se conhecendo, só os seus corpos se reconheciam. As voltas do destino provocaram um encontro a propósito de uma meia-irmã subitamente encontrada, os encontros fortuitos perderam o encanto e terminaram queimados no angustiante incêndio que destruiu aquela casa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Imagem 2</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os encontros fugazes num motel anónimo da mesma área de serviço, sucederam-se a uma cadência mensal, poucas vezes quebrada, ao longo de quatro anos. Eram encontros quase sem palavras, era o quase anonimato que os atraía, que os excitava. A alegria da descoberta de um novo membro da família dela foi ensombrada pela constatação de que ele era o cunhado. A relação queimou-se, tal como a casa do casal desfeita por chamas súbitas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Imagem 3</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aquele motel anónimo incendiava-se uma vez por mês quando os seus corpos se encontravam e mergulhavam numa paixão sem palavras. A felicidade da descoberta de um vínculo familiar fez a paixão crescer, reforçou os laços entre ambos. Esconder dos outros os laços que os uniam era afrodisíaco. As miradas cúmplices, os sorrisos subtis, transfiguraram-se em horror diante do quadro das chamas devoradoras que destruíram a casa.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-28227818563257283852011-03-20T15:23:00.002+00:002011-04-18T20:55:14.489+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 3<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício - Bloco 3</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Continue a narrativa de Italo Calvino (Adenda temática B), tentando articular o seu texto com um dos condimentos aristotélicos expostos mais acima (seja oriundo da Poética ou da Retórica; ver Adenda temática A).</div><div style="text-align: justify;">Quando tomava banho numa praia ocorreu à Srª. Isotta Barbarino um desagradável contratempo. Nadava ela ao largo, quando, parecendo-lhe altura de regressar, e já se dirigia para a margem, se apercebeu de que um facto irremediável acontecera. Perdera o fato de banho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Exercício:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Achou que a sua imaginação lhe estava a pregar partidas. Como fora possível ficar sem fato de banho sem ter dado por isso? Mas a verdade é que estava nua. Olhou à volta, desnorteada, como se o fato de banho fosse aparecer a boiar, como por milagre. </div><div style="text-align: justify;">Deu algumas braçadas, pensando como sair airosamente daquela situação, eram dez da manhã e não podia ficar na água até a praia ficar deserta. De repente avistou a uns metros de distância um volume claro que não conseguia identificar por causa do sol, nadou vigorosamente para lá para se deparar com um saco plástico com uma garrafa de água mineral vazia. </div><div style="text-align: justify;">Começou a pensar em voltar à praia assim como estava, talvez encontrasse algumas algas que lhe permitissem tapar-se minimamente até pedir auxílio ao salva vidas. Quando ia recomeçar a nadar viu aproximar-se um bote de borracha e dentro dele alguém que não conseguia identificar porque o sol a encadeava, ia pedir ajuda mas limitou-se a fitar, boquiaberta, o tripulante do bote, o Capitão Gancho, que trazia, preso no gancho que lhe servia de mão, o seu fato de banho e lhe disse com ar severo:</div><div style="text-align: justify;">- Vista-se, nestes mares só as sereias podem andar nuas. A sereia, na popa do bote, sorriu-lhe suavemente e começou a cantar.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-70106422188136180042011-03-10T20:56:00.000+00:002011-04-18T20:55:14.490+01:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado - bloco 2<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício - Bloco 2</div><div style="text-align: justify;">Imagine que Atla (ver Adenda temática A) não chegou nunca a morrer, apesar de o início o romance começar justamente por narrar a sua morte. Escreva a parte do enredo que daria alegadamente conta da reacção dos personagens, evocados na Adenda temática A, ao terem conhecimento de uma tal notícia (não ultrapasse as vinte linhas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Exercício:</div><div style="text-align: justify;">Os homens juntaram-se na taberna diante do porto velho. O sol desaparecia, avermelhado, na linha do horizonte. Atla surgiu, recortada contra o poente, os caracóis com reflexos acobreados pelo sol emolduravam-lhe o rosto sorridente. De repente, quando entrou no ângulo de visão dos pescadores as gaivotas desapareceram, os olhos de todos, incrédulos, fixaram-se nela, dois ou três soergueram-se, mirando-a, incrédulos, outro avançou um passo inseguro na direcção da porta, a um canto um barbudo engoliu a bebida de um trago, o taberneiro ficou suspenso, o pano imundo com que limpava o balcão, esquecido a um palmo deste.</div><div style="text-align: justify;">Atla! - gritaram todos em uníssono.</div><div style="text-align: justify;">Algumas portas adiante da taberna, as mulheres envoltas nos xailes escuros movimentaram-se também, incrédulas, uma mancha negra e agoirenta. Ouviram o grito dos homens e, adivinharam mais do que sentiram nele, o júbilo que fez recrudescer o ódio que se tinha apaziguado quando a julgavam morta. Uma escarrou com violência e a saliva bateu no empedrado do chão como uma bala. Ouviu-se murmurar entre dentes: - Puta de sorte, ela não morreu. Voltavam a ter os seus homens pela metade, sabiam que eles continuariam a suspirar secretamente por ela e a inveja corroía de novo as suas almas, como um ácido mortífero.</div><div><br />
</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-33815621868902083192011-03-07T08:56:00.000+00:002011-03-07T08:56:10.945+00:00Nuvens de ontem<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKJB-Xdnuu1bBGhdK2jp3uLFa651fwvm5NeUHAQ1h4BHJTWSWW3V9DvFv8cABy6SIxaw-77KratlWyI0_zEqBLTeE5uKyat1G7Awm3rvxIsItcifNlgDvebsuvYjafQufouFjK/s1600/IMG_0616.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKJB-Xdnuu1bBGhdK2jp3uLFa651fwvm5NeUHAQ1h4BHJTWSWW3V9DvFv8cABy6SIxaw-77KratlWyI0_zEqBLTeE5uKyat1G7Awm3rvxIsItcifNlgDvebsuvYjafQufouFjK/s320/IMG_0616.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvdoA9VStPrzZP48-GeiJom0Vsz2DL6i4BwuNT3DZPDyyHvsx0vSqAIqNFhc1W6T7Ghao0UTaDiYtvDj7A2jdd9ciqKFcUBl7bnNcRML_J69j5Nl9z5zVacx04wSjZJg4GY2av/s1600/IMG_0617.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvdoA9VStPrzZP48-GeiJom0Vsz2DL6i4BwuNT3DZPDyyHvsx0vSqAIqNFhc1W6T7Ghao0UTaDiYtvDj7A2jdd9ciqKFcUBl7bnNcRML_J69j5Nl9z5zVacx04wSjZJg4GY2av/s320/IMG_0617.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVC0YoyxogtqM-XiYGW7HdWPXaolTEOedUJT3_QcdcWlU6hlq3a746IwyaumxlJfb3zvvE92FHIuF82yUEkSAwsm9j0JH35_7wV3qKVNMR73hC741oGWx6j3VolKNkYUv8jCqh/s1600/IMG_0618.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVC0YoyxogtqM-XiYGW7HdWPXaolTEOedUJT3_QcdcWlU6hlq3a746IwyaumxlJfb3zvvE92FHIuF82yUEkSAwsm9j0JH35_7wV3qKVNMR73hC741oGWx6j3VolKNkYUv8jCqh/s320/IMG_0618.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTfotz3y0i-NvZHCiSRWxmqs7nLH4yaPAwwB1838nq99enKso3hSQi77fjwO2DvHH0XFVkfTM6DZhmwccxWwm0vWelLXCT4enjTtua5g0RfjRQAY8kIAB_9Xn0SYoakU1BU0Es/s1600/IMG_0619.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTfotz3y0i-NvZHCiSRWxmqs7nLH4yaPAwwB1838nq99enKso3hSQi77fjwO2DvHH0XFVkfTM6DZhmwccxWwm0vWelLXCT4enjTtua5g0RfjRQAY8kIAB_9Xn0SYoakU1BU0Es/s320/IMG_0619.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHSqkocXQL9IZ0tqkKauHw-hR73W1XOaf0k_xqOTy7ZBVwQMfZ3Kv8Tmm-4I3-t8y8q1YeyxEsuGHSB2JOWIl22ZXgihq4GJmZ8EvRP4ys8Qz6FN5jPa1S7SZPBi4eshcVVwpb/s1600/IMG_0620.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHSqkocXQL9IZ0tqkKauHw-hR73W1XOaf0k_xqOTy7ZBVwQMfZ3Kv8Tmm-4I3-t8y8q1YeyxEsuGHSB2JOWIl22ZXgihq4GJmZ8EvRP4ys8Qz6FN5jPa1S7SZPBi4eshcVVwpb/s320/IMG_0620.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuPYSM_JizNkVME69wp_6LaXJviKtdrNg5nnvcr5GcgvGdwQ4dNJ3TpDYs4X8qGM-82p8CrJLwkTb_v7fl5XZaqsOQ6iLKdByXFWwINTZPpTr_WZlOYNDMk_Vo9SsnotDvVJeE/s1600/IMG_0621.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuPYSM_JizNkVME69wp_6LaXJviKtdrNg5nnvcr5GcgvGdwQ4dNJ3TpDYs4X8qGM-82p8CrJLwkTb_v7fl5XZaqsOQ6iLKdByXFWwINTZPpTr_WZlOYNDMk_Vo9SsnotDvVJeE/s320/IMG_0621.JPG" width="320" /></a></div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-1610066159116923822011-03-05T13:29:00.000+00:002011-03-05T13:29:21.641+00:00Tentando fotografar um melro preto<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Contra o sol só me via a mim no ecrã do iPhone e não me podia aproximar muito ou ele voava, mas consegui :)</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB-9hY1lSxZNew5gB4n2wRu-YADtFQVNmXmSfEdiu3EKzmzwHjUM2aJMuiYyDqmydDLSWSAVykwArE6WGVdbP0sxFfq3cMt0ax194tM14wWTrC7GeIPFaLE2iVoNTv46uHcxpb/s1600/IMG_0862.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB-9hY1lSxZNew5gB4n2wRu-YADtFQVNmXmSfEdiu3EKzmzwHjUM2aJMuiYyDqmydDLSWSAVykwArE6WGVdbP0sxFfq3cMt0ax194tM14wWTrC7GeIPFaLE2iVoNTv46uHcxpb/s640/IMG_0862.jpg" width="478" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwib3mqMkVUscUkh0XhR5-nPjt3Ap9zva-PAtBnU_RHZLBmuNrasVdj61e8MoCWX-gccq60akHqdSBRaU2W4SR0799R-v50a01vlulNn7DshP_Md9pbaAQge7yaqJw4M565kBF/s1600/IMG_0864.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwib3mqMkVUscUkh0XhR5-nPjt3Ap9zva-PAtBnU_RHZLBmuNrasVdj61e8MoCWX-gccq60akHqdSBRaU2W4SR0799R-v50a01vlulNn7DshP_Md9pbaAQge7yaqJw4M565kBF/s640/IMG_0864.jpg" width="478" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWbAZ8T9b3wM4RFS7ICawlCpXJukOeF58r2md1693c_INSu8bgGbINuAnIM7EPmEtMsCtnG0IeFXm51H-dOutNtmIQA7xsnT2tMBjL2iKyI3O_Zimc5yNxHKQ_gQsPu8SRJ0B6/s1600/IMG_0865.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWbAZ8T9b3wM4RFS7ICawlCpXJukOeF58r2md1693c_INSu8bgGbINuAnIM7EPmEtMsCtnG0IeFXm51H-dOutNtmIQA7xsnT2tMBjL2iKyI3O_Zimc5yNxHKQ_gQsPu8SRJ0B6/s640/IMG_0865.jpg" width="478" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinOfZt_DAlemx9bupf9O52LOV5kQCbnbOUO7XWbRm0LPr9uJ_AHkGlSYJIlDVoxKFsYX4w1W3nRoJS8MAkTX_VIe7EaOSGR-fUzBgqTL3GWXWc4-pP-1uqoU9tycIHfqWydn1o/s1600/IMG_0867.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinOfZt_DAlemx9bupf9O52LOV5kQCbnbOUO7XWbRm0LPr9uJ_AHkGlSYJIlDVoxKFsYX4w1W3nRoJS8MAkTX_VIe7EaOSGR-fUzBgqTL3GWXWc4-pP-1uqoU9tycIHfqWydn1o/s640/IMG_0867.jpg" width="478" /></a></div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-42834247038239498992011-02-28T16:07:00.001+00:002011-02-28T16:07:22.199+00:00Laboratório de escrita criativa - nível avançado<div style="text-align: justify;">Iniciou-se esta semana o curso Laboratório de Escrita Criativa, desta vez o nível avançado.</div><div style="text-align: justify;">O primeiro trabalho era:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">“1 – Desenvolva a fábula a partir do curtíssimo enredo criado por Thomas Bernhard (“… um rapaz levou o cão a passear… com a trela. Depois quis subir a qualquer lado, puxou infelizmente a trela por cima da cabeça, o cão continuou provavelmente a correr mais três passadas e o rapaz ficou estrangulado”). Ou seja: relate – ainda que esquematicamente – o corpo da fábula que terá dado origem ao enredo lacónico e paródico redigido por Bernhard na Adenda temática C ( ver aqui em baixo ). Não ultrapasse um máximo de quinze linhas.”</div><div style="text-align: justify;">“Conversão por Kurt Hofmann.”</div><div style="text-align: justify;">“Quando escrevo, escrevo em toda a parte, onde quer que seja, é indiferente. Posso escrever num restaurante, posso escrever numa casa alugada, posso escrever em Paris no meio do trânsito, é-me absolutamente indiferente. Quando chega o momento, isso não me incomoda absolutamente nada. A questão é só, quando é que chega o momento. O que eu não posso é começar onde houver sossego e não acontecer nada, porque não posso entrar na questão. Preciso primeiro que tudo de estímulos e de qualquer incidente caótico ou algo de semelhante. O caos acalma. A mim de qualquer modo. E no jornal é realmente tudo caótico. Só que é muito fatigante, porque é preciso converter tudo. É preciso primeiro traduzir em fantasia. Hoje está no jornal que um rapaz levou o cão a passear — você leu? — com a trela. Depois quis subir a qualquer lado, puxou infelizmente a trela por cima da cabeça, o cão continuou provavelmente a correr mais três passadas e o rapaz ficou estrangulado. Não foi? Algo deste género se imagina depois. Agora, quando se descreve isto assim, é uma idiotice, porque não é nada de especial. Lá se tem de o converter ou de inventar qualquer coisa para lhe acrescentar.”</div><div style="text-align: justify;">(Kurt Hofmann, Em conversas com Thomas Bernhard, Assírio e Alvim, Lisboa, 2006, p.33)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trabalho:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As noites quentes de Agosto, na ilha, não o deixavam ter um sono descansado. A humidade colava-lhe os lençóis ao corpo, o sono, quando conseguia dormir, era agitado por sonhos recorrentes, estranhos. Os problemas conjugavam-se com o clima húmido e quando amanhecia levantava-se atordoado, cansado, quase mais cansado do que quando se deitara. </div><div style="text-align: justify;">Essa noite não era diferente das outras, apesar de uma leve brisa agitar as cortinas, não refrescava, era uma brisa quente, impiedosa. Voltou-se na cama que rangeu, irritando-o, desabafou-se e tentou esvaziar o cérebro de pensamentos, era necessário dormir para poder desempenhar cabalmente as suas funções na manhã que se aproximava. </div><div style="text-align: justify;">Adormeceu por fim para acordar logo a seguir, ou pelo menos assim lhe pareceu. Sonhara que passeava com o seu cão, que o levava pela trela e que chegava ao cimo de um monte, ia subir a uma pedra e… acordou. Voltou-se na cama e adormeceu de novo para acordar sobressaltado daí a pouco. Tinha retomado o sonho no exacto momento de subir à pedra, levava o seu cão, pela trela, subia ao cimo do monte e trepava a uma pedra e de repente puxava a trela por cima da cabeça para ver melhor para além da pedra mas o cão correra ainda um pouco, duas, três passadas e ele morria estrangulado. Sentia-se sufocar, correu para a janela...</div><div><br />
</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-41652274350573357432011-01-29T07:17:00.002+00:002011-01-29T07:17:32.657+00:00Porto Legend<center><iframe frameborder="0" height="390" width="480"></iframe></center>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-36452164763689507682011-01-27T11:27:00.000+00:002011-01-27T11:27:32.856+00:00Lido - criminoso não repararHá quase um ano que está destruído:<br />
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Antes:<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOq4vvyJxFPmuKTcd0Edw9duqp05AgUP2e6GkM_hS2oRMWkjrUU00sHhwugNhFk6lLKZJIvxDTpNK0r4dpSConrAfOFscCFRx_6hM4vYf3ds2bcdPWvO3NWbEjbQRzBbR7AmSX/s1600/IMG_0042.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOq4vvyJxFPmuKTcd0Edw9duqp05AgUP2e6GkM_hS2oRMWkjrUU00sHhwugNhFk6lLKZJIvxDTpNK0r4dpSConrAfOFscCFRx_6hM4vYf3ds2bcdPWvO3NWbEjbQRzBbR7AmSX/s320/IMG_0042.JPG" width="240" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRukwv8bGmdxv-N3dgQ28lguh3_Hb29fAVJFRV5efyG4zJjVU6iVvLh7i2eJqcgvmVio03yOjuSJH4js6asiMGpTsHxcfkIAQP53qTSJ3-ymJ0aWyogXWB8PsSM5t0ewPGKYcX/s1600/IMG_0035.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRukwv8bGmdxv-N3dgQ28lguh3_Hb29fAVJFRV5efyG4zJjVU6iVvLh7i2eJqcgvmVio03yOjuSJH4js6asiMGpTsHxcfkIAQP53qTSJ3-ymJ0aWyogXWB8PsSM5t0ewPGKYcX/s320/IMG_0035.JPG" width="240" /></a></div><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1fB3cFuimxGSqASpRCU-E6HToOSV_jJQbWJ2hijpYXZMOdwHO5ifSL82E_fJ9qbDI4h3XTGmGwRDeGcKFyvbFG7Nb8dpUMFs0fo1CAEGsedw5cP40W013Mc0cNm5-qz4j0oAf/s1600/IMG_0059.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1fB3cFuimxGSqASpRCU-E6HToOSV_jJQbWJ2hijpYXZMOdwHO5ifSL82E_fJ9qbDI4h3XTGmGwRDeGcKFyvbFG7Nb8dpUMFs0fo1CAEGsedw5cP40W013Mc0cNm5-qz4j0oAf/s320/IMG_0059.JPG" width="240" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_GD78SOFYQW9aolv3LL2CXsoSp8o8IqTgKPUeMk7cjx6rEO5Q4c4vpNsLvRWrKQbIHS-3IXuJQt9f3BRwlIqpzyUlm7yK3PR0yZqeYrOpd1P4Kn7ubdRRDKox74UJEmZxLX89/s1600/IMG_0049.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_GD78SOFYQW9aolv3LL2CXsoSp8o8IqTgKPUeMk7cjx6rEO5Q4c4vpNsLvRWrKQbIHS-3IXuJQt9f3BRwlIqpzyUlm7yK3PR0yZqeYrOpd1P4Kn7ubdRRDKox74UJEmZxLX89/s320/IMG_0049.JPG" width="240" /></a></div><br />
<br />
Depois:<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4x0V9fGO5wiHa8ST2bB9zod9E6ykiAKpaAKvxk6bCviPAkKMZI-awTRtF-VP5g-wypzYXH0Ni7c-ZDOtlhD_skHJt08PZTSzNm1y-AnIlwJwcLivnRT6z6OVy7X1U8xyGiMCy/s1600/IMG_0743.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4x0V9fGO5wiHa8ST2bB9zod9E6ykiAKpaAKvxk6bCviPAkKMZI-awTRtF-VP5g-wypzYXH0Ni7c-ZDOtlhD_skHJt08PZTSzNm1y-AnIlwJwcLivnRT6z6OVy7X1U8xyGiMCy/s320/IMG_0743.jpg" width="239" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqTgCRdjt1AFN28S8SlFVOsHb_AxcZUdazmZ4kPS4noquk2qQ5cIsAj7rmF9K5IMszK0sZbOhU1Vc3FnmEbABMvVmMvpDT3HVGNhEXeFfwlCPMZnOwIrV28PlyjOIr5Uj-dE1E/s1600/IMG_0741.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqTgCRdjt1AFN28S8SlFVOsHb_AxcZUdazmZ4kPS4noquk2qQ5cIsAj7rmF9K5IMszK0sZbOhU1Vc3FnmEbABMvVmMvpDT3HVGNhEXeFfwlCPMZnOwIrV28PlyjOIr5Uj-dE1E/s320/IMG_0741.jpg" width="239" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8h-xR8q1kawHTPuduOFLrRuSN1rQO3keSKkkZrUS1PBtxUQwAbnHyc_DSEoD9VhleZ9bYGkuCC6609cmZFbiL48pg1wjdJ4JKhoSqqcqgkJSQxOn8cj_8JSqPFWIOjjaV_Y8V/s1600/IMG_0747.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8h-xR8q1kawHTPuduOFLrRuSN1rQO3keSKkkZrUS1PBtxUQwAbnHyc_DSEoD9VhleZ9bYGkuCC6609cmZFbiL48pg1wjdJ4JKhoSqqcqgkJSQxOn8cj_8JSqPFWIOjjaV_Y8V/s320/IMG_0747.jpg" width="239" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1MMbofs5ePudOajzv0m7rokRjAFVXdyw8hhrJtIGj-0i7jeEHtPan40pUYMWmndHoftaRi5wrf_YxDQFClE6hZ7NcNva4vB_08Tid4TfcjXD07bkIxC-WS4D3vZf4mj3AZ9pX/s1600/IMG_0745.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1MMbofs5ePudOajzv0m7rokRjAFVXdyw8hhrJtIGj-0i7jeEHtPan40pUYMWmndHoftaRi5wrf_YxDQFClE6hZ7NcNva4vB_08Tid4TfcjXD07bkIxC-WS4D3vZf4mj3AZ9pX/s320/IMG_0745.jpg" width="239" /></a></div><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA1Wq_BHFz34kduRsEGzzdSqLQZNHzKT_FzT9ShYmcakqigCej3OZ2HebF3idgV0oUNriSyrxcqMs3IY_ylivagaNV0UppnwtKYXAKGysI2naGUwV_Lyr2_LNR-4bIqnyF5tNn/s1600/IMG_0751.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA1Wq_BHFz34kduRsEGzzdSqLQZNHzKT_FzT9ShYmcakqigCej3OZ2HebF3idgV0oUNriSyrxcqMs3IY_ylivagaNV0UppnwtKYXAKGysI2naGUwV_Lyr2_LNR-4bIqnyF5tNn/s320/IMG_0751.jpg" width="239" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiomEAwNi6qGqRpx0QGOImbdKAP-i3YE9y9cglMhmurb-gCMibIBucbrG3a5WlMdpV6AnM30rxeyxrM6DPQsfIkzzm5tvjED9CIMV_a48pT7TgYZI4IamuWtLeEK3UiXMN_1Uzd/s1600/IMG_0749.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiomEAwNi6qGqRpx0QGOImbdKAP-i3YE9y9cglMhmurb-gCMibIBucbrG3a5WlMdpV6AnM30rxeyxrM6DPQsfIkzzm5tvjED9CIMV_a48pT7TgYZI4IamuWtLeEK3UiXMN_1Uzd/s320/IMG_0749.jpg" width="239" /></a></div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-33898741970701985932011-01-22T15:49:00.000+00:002011-04-18T20:55:14.492+01:00LEC final<div style="text-align: justify;">Tabalho de avaliação sumativa</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Redija um texto de não mais do que 2000 caracteres, de acordo com as seguintes indicações:</div><div style="text-align: justify;">a) Tema/Tópico: P. chega a uma nova cidade.</div><div style="text-align: justify;">b) Descrição: inserção de uma dimensão expressionista no início do texto.</div><div style="text-align: justify;">c) Narração: Aplicação da lógica ‘media res’ no final do texto.</div><div style="text-align: justify;">d) Poética: Criação de ritmo, de acordo com os pressupostos estudados no Bloco 10, nos parágrafos intermédios do texto.</div><div style="text-align: justify;">e) Redija o seu texto de modo depurado, evitando o uso excessivo de afectação adjectivada, de substantivação abstracta e de registos explicitamente coloquiais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trabalho</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;">A cidade amanhecia quando Pedro se apeou do táxi. Era a sua primeira vez e ficou desde logo preso à luz especial que banhava as ruas e praças, de casas baixas e brancas, com telhados cor de ardósia. </div><div style="text-align: justify;">Dirigiu-se ao meio da praça, de onde, junto ao chafariz, podia avistar as várias ruas que nela confluíam. Acima do telhado da igreja dos Jesuítas avistou o casario que trepava até às montanhas, pontilhando o verde da vegetação. Agradava-lhe a calma das ruas apesar do incessante corrupio de transeuntes e dos carros apressados. No café fronteiro algumas pessoas aproveitavam o sol matinal enquanto tomavam o pequeno-almoço, alguns taxistas, encostados à parede de cantaria da escada que dava acesso à igreja discutiam as incidências do jogo de futebol do dia anterior. Um grupo de meninos do jardim-escola passava, em fila Indiana, dois a dois, com os bibes aos quadrados e os chapelinhos azuis, serpenteando pelo passeio.</div><div style="text-align: justify;">As crianças recordaram-lhe a razão para ali estar, viera dar aulas numa escola primária e, de certo modo, fugir de uma vida agitada numa cidade grande e conhecer gente nova, ainda mais aquela gente que diziam ser tão acolhedora.</div><div style="text-align: justify;">Pensou no percurso que fazia diariamente de casa até à escola, a caminhada apressada até à estação de metro, sempre apinhada, a diversidade de pessoas que consigo viajavam, a própria viagem, umas vezes apertado entre uma senhora anafada e um homem barbudo, outras entre grupos de estudantes e de empregados de escritório, as faces quase sempre resignadas, pensativas, tristonhas, o cheiro a transpiração, as paragens até chegar à estação de saída, o mergulho no movimento constante de peões apressados e bruscos, a quase corrida até à paragem de autocarros, mais uma viagem, muitas vezes de pé, até à paragem mais perto da escola e ainda assim a 15 minutos de caminho. E o mesmo na volta, ao fim do dia, com o cansaço acumulado do dia de aulas difícil e exigente.</div><div style="text-align: justify;">-<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Mas porque vais para tão longe?</div><div style="text-align: justify;">A pergunta da mãe ainda ressoava nos seus ouvidos, respondera que queria uma vida mais calma, numa cidade mais pequena e tranquila, mas não era só isso, era também a fuga à saudade, à dor, à tristeza. Era a recordação daquele passado, as palavras que não pronunciara, que não pronunciaria, o medo de ser mal interpretado, o terror da rejeição.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-82625192104556043272011-01-22T15:46:00.002+00:002011-04-18T20:55:14.493+01:00LEC 10<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício da semana - 10</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Rescreva o texto de António Lobo Antunes (“Exemplo A”), utilizando igualmente a repetida regência “Como se não bastassem”, mas tendo agora em vista a atmosfera observada ou imaginada por si numa praça de uma grande cidade (ou noutro qualquer cenário banhado por uma multidão).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trabalho</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como se não bastasse a chuva irritante e fria que cai sem cessar, o mendigo que toca no acordeão uma música monocórdica, o buzinar impaciente dos automobilistas, a horda de pessoas que passam em todas as direcções, apressadamente, como se não bastasse o cauteleiro a apregoar os números da lotaria, o bando de pombos a debicar febrilmente o milho que uma senhora, de andar lento e compassado, lhes atirou, como se não bastassem as pessoas que se atropelam e acotovelam para entrarem no autocarro, na ânsia e no medo de não chegarem a tempo ao emprego, os que saem cabisbaixos e derrotados do centro de emprego, sem respostas, sem saídas, como se não bastassem as beatas que saem, estremunhadas, da igreja depois da missa matinal, encolhendo-se debaixo dos guarda-chuvas, como se não bastassem os estudantes que gargalham e palram ruidosamente, o futuro está aí irremediável e inadiavelmente próximo.</div><div><br />
</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-66217531135147094132011-01-22T15:45:00.000+00:002011-04-18T20:55:14.495+01:00LEC 9<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício da semana - 9</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Redija vários textos com apenas uma a duas linhas onde deverá alinhar palavras por si escolhidas que ilustrem ou traduzam a ideia de:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">a) O som do rio que corre.</div><div style="text-align: justify;">A sensação de tempo perdido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Atenção: não se trata de descrever o local onde “o rio corre”, ou onde tem lugar a “conversa tempestuosa”, ou ainda onde foi vivida a sensação de “tempo perdido”. Nem se trata de narrar o incidente no qual a “pessoa X” esperou por algo, nem o que estaria a acontecer no momento em que um determinado “olhar” foi “trocado na via pública”. Trata-se, sim, de traduzir esses estados de alma - que são da ordem da intimidade - por sequências de palavras, de tal modo que o leitor possa sentir uma empatia rítmica, ou rever esse mesmo estado de alma através das palavras utilizadas. </div><div style="text-align: justify;">Trata-se, por outras palavras, de um exercício poético. </div><div style="text-align: justify;">Sinta-se livre, deixe chegar ao seu rascunho dezenas de palavras e alinhe, depois, as que bem entender tendo em vista o ritmo e a ‘musicalidade’ ideais para cada caso (sinta-se o “som da água do rio”, sinta-se o pedaço de tempo “perdido” ou “esperado”; sinta-se o próprio “olhar” que se troca e… sinta-se como se fosse a “tentação” ou o “silêncio” subitamente vivido).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Redija, na segunda parte deste exercício, vários pequenos textos (com cerca de duas linhas no máximo) que traduzam uma ambiência similar à que esteve presente na imaginação de José Tolentino Mendonça, quando escreveu os seguintes versos (extraídos de vários poemas de Baldios, Assírio & Alvim, Lisboa, 1999):</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">c) “A obscuridade brilha para lá/ da própria enseada” (A Casa);</div><div style="text-align: justify;">d) “Contra o coração/ abraçava ramos de flores magras e azuis/ sentimentos muito triviais/ e por vezes a maior escuridão” (Fogueiras e gelos);</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Atenção: concentre-se na auto-referencialidade dos termos que vier a utilizar. Quando escolher as palavras, interiorize-as como termos realmente independentes e autónomos, como puras sonoridades à procura de um corpo desejado.</div><div style="text-align: justify;">Liberte-se das significações dadas e atribuídas aos vocábulos no senso comum, no âmbito da convenção, ou no quotidiano. Utilize o seu léxico como se fosse um criativo de design, sendo que a sua cultura material, neste exercício, é o próprio material linguístico.</div><div style="text-align: justify;">Não se esqueça de ser corrosivamente livre no seu jogo de rascunhos.</div><div style="text-align: justify;">Escreva e reescreva sem temor, desinibidamente.</div><div style="text-align: justify;">Repita-se: reescrever de modo poético é reinventar, apenas isso. A única fidelidade que não deverá esquecer é a do “ambiente”, a da “atmosfera” ou a da “intimidade” que o léxico utilizado pelo autor - neste caso, José Tolentino Mendonça - terá traduzido.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trabalho</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">a) O som do rio que corre.</div><div style="text-align: justify;">Saltitante sussurro cantante</div><div style="text-align: justify;">Murmúrio da corrente, quase silêncio</div><div style="text-align: justify;">Águas bramindo em fúria</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">b) A sensação de tempo perdido.</div><div style="text-align: justify;">Relógio parado inerte</div><div style="text-align: justify;">Sala vazia, silêncio sepulcral, vida inanimada</div><div style="text-align: justify;">Tic … tac … tic … tac … tic … tac ...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">c) “A obscuridade brilha para lá/ da própria enseada” (A Casa);</div><div style="text-align: justify;">Escuridão pontuada pelo brilho da lua reflectida nas águas mansas da baía sossegada, ânforas perfeitas de claridade suave</div><div style="text-align: justify;">Barcos que baloiçam na calma enseada, brisa brilhante que sopra contínua e murmurante, as nuvens que se espalham, escuras, destacando a luz que a brisa esfarrapa</div><div style="text-align: justify;">Na linha do infinito, onde o mar se confunde com o céu como se fosse um só corpo ondeado, as estrelas cintilantes iluminam a obscuridade azul</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">d) “Contra o coração/ abraçava ramos de flores magras e azuis/ sentimentos muito triviais/ e por vezes a maior escuridão” (Fogueiras e gelos);</div><div style="text-align: justify;">Colhera um ramo de miosótis e apertava-os agora contra o peito, embalados pelo bater desordenado do coração, movido por sentimentos contraditórios de amor e ódio.</div><div style="text-align: justify;">Vendaval de sensações, de emoções, transbordantes, calmaria e tempestade, luz e escuridão, sol e eclipse, as flores azuis, da cor do céu e do frio.</div><div style="text-align: justify;">As centáureas e as tumbérgias misturavam-se numa miríade de azuis que ela abraçava enquanto a invadiam ondas de sentimentos</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-87063886372116011542011-01-22T15:43:00.003+00:002011-04-18T20:55:14.496+01:00LEC 8<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercício da semana - 8</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Alie a descrição à narração num curto “incidente”, subordinado à seguinte situação ficcional: “Foi o ciúme que impediu Raul de dormir” (não ultrapasse um máximo de sete a oito linhas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trabalho:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No quarto mergulhado na escuridão, aliviada apenas pelo piscar ténue do anúncio de néon do café da frente, Raul não consegue dormir. Enovelado na cama, de lençóis ensopados de suor, é incapaz de deixar de pensar naquilo, durante toda a noite viu a cena como na tela de um cinema, sempre a passar-lhe na frente dos olhos, tinha sido só um olhar mas ele via-o como todo um mundo de intenções e de desejos, de promessas que, a ele, nunca tinham sido feitas. Caminhava pela marginal com Rita quando se cruzaram com Mariana e sentiu, quando elas se olharam, que estava definitivamente a mais, que aquele não era o seu lugar e apesar da conversa banal que se desenrolou entre ambas, aquela impressão persistiu e impediu-o de dormir.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-16649509.post-78137322506820701732011-01-22T15:43:00.000+00:002011-04-18T20:55:14.498+01:00LEC 7<div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Exercícios da semana - 7</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Imagine que o “Texto 1”, escrito para o “Exercício 6” (na semana passada, escrita homodiegética), era apenas o início de uma longa história cuja complicação afinal é longa e cujo desfecho é seguramente inimaginável. Dessa narrativa possível, redija apenas a parte correspondente ao “clímax” (não ultrapasse um máximo de doze a quinze linhas).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trabalho:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Caminho em direcção ao elevador acompanhada pelo eco dos meus passos no cimento. Enquanto espero que ele chegue noto no chão uma mancha escura, parece um pingo de ferrugem. Quando a porta se abre já me esqueci da mancha mas relembro-a logo porque vejo marcas de dedadas da mesma cor, mas mais viva, junto ao botão do terceiro andar e no chão. Carrego com todo o cuidado no botão evitando o contacto com a substância que, agora com luz e mais de perto, parece ser sangue. </div><div style="text-align: justify;">O elevador pára, a porta abre-se, antes de sair olho para o chão e vislumbro nele, à fraca luz do exterior, não manchas mas pequenas poças da mesma substância, cada vez mais penso em sangue, não sei se devo sair do elevador, o pânico começa a crescer, sinto-o em ondas, sufoco um grito, não vejo vivalma, alcanço o interruptor e o hall ilumina-se. Agora vejo nitidamente que há manchas em ziguezagues que vão até à esquina. Não sei se avanço ou não, continuo com medo, sinto uma presença na zona que não consigo ver, mas não posso continuar ali, posso correr perigo, podem ter assaltado alguém do prédio, preciso arriscar e alcançar a minha porta e a segurança do meu apartamento. Avanço em direcção à porta e, de repente, vejo-o no chão.</div>Ana Ferreirahttp://www.blogger.com/profile/10673005813531583648noreply@blogger.com0